É a questão que domina a actualidade mediática: qual a melhor localização para o futuro aeroporto internacional de Lisboa?
Não sendo algo muito frequente neste blog, não podia, contudo, de emitir a minha opinião acerca de um assunto que, entre outros aspectos, tem um forte cariz político. A decisão acerca da localização do aeroporto, embora suportada por pareceres de carácter técnico, tem uma forte componente política. Não é minha intenção pronunciar-me sobre os aspectos técnicos, pois não serei seguramente a pessoa mais indicada para o fazer. O meu comentário aborda sobretudo a vertente política da decisão. E para tal decidi socorrer-me de dois especialistas, duas importantes individualidades que têm faro para as questões políticas, se assim podemos dizer.
Comecei por interrogar o meu gato:
– Panchito: Ota… ou Alcochete?
O Panchito, assim que ouviu a palavra “Ota”, interrompeu de imediato o seu repouso sagrado, deitado no seu leito, olhou-me com convicção e miou de forma decidida. Ao ouvir a palavra “Alcochete”, o felino limitou-se a desviar o olhar com indiferença, regressando ao seu venerável repouso. Torna-se assim evidente que o Panchito, sem qualquer hesitação, prefere a Ota.
Dirigi-me posteriormente ao meu cão, questionando-o da mesma forma:
– Rex: Ota… ou Alcochete?
O Rex pareceu surpreendido com a questão e limitou-se a emitir um ligeiro latido, quase imperceptível, após a palavra “Alcochete”. Percebendo a indecisão do animal, repeti a questão. Novamente, o Rex devolveu-me a mesma resposta, exactamente no mesmo timing. Começo a perceber a preferência do canino por Alcochete, ainda que com reservas. Mas, para clarificar as coisas, decidi repetir uma vez mais a difícil pergunta. Desta vez o Rex respondeu de forma clara, sem qualquer hesitação, lambendo-me a mão após a palavra “Alcochete” e revelando de forma inequívoca ser esta a sua preferência.
Após a consulta a estas elevadas patentes do comentário político, concluo com naturalidade que a sociedade portuguesa se encontra dividida entre ambas as localizações. Alguns argumentam de forma decidida, enquanto outros parecem preferir um discurso mais ponderado; muitos analisam o problema de forma emocional, enquanto outros preferem dissecar a questão sob um ponto de vista mais racional. Quanto a mim, e depois de constatar abordagens tão distintas por parte de personalidades tão extraordinárias, prefiro remeter-me ao silêncio e reduzir-me à minha insignificância.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
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